É a Ademi que pensa igual à Prefeitura ou a Prefeitura que pensa igual à Ademi?


Ler, no domingo, um primeiro de maio, data tão importante para a luta de trabalhadoras e trabalhadores, a matéria paga da ADEMI na imprensa, demonstra o quanto uma parte da sociedade faz olhos míopes e ouvidos moucos à realidade e às muitas expressões da população.

https://www.ofluminense.com.br/colunas-e-artigos/artigos/2022/04/1247531-niteroi-demanda-plano-urbano-sustentavel-e-inclusivo.html

Triste, se não fosse proposital! A classe empresarial, representada nesta coluna - paga, dá nó em pingo d’água para distorcer as manifestações públicas que foram feitas desde dezembro passado, em 8 audiências públicas, onde a população teve sua participação muito limitada às condições impostas pelas Comissões de Urbanismo e de Meio Ambiente da Câmara e massivamente disse NÃO ao PL 416/2021. Três minutos para se manifestar, sem direito à réplica quando suas perguntas não eram atendidas, e comprimida às limitações técnicas das salas virtuais.

Não podemos esquecer que a classe trabalhadora representa hoje cerca de 40% da população de Niterói sem moradia em condições mínimas de salubridade e segurança. Trabalhadoras e trabalhadores são também as babás de seus filhos e netos, seus motoristas de seus carros, limpadores de suas piscinas, suas “secretárias”, seus porteiros, frentistas, atendentes nos supermercados e por aí vai uma gama imensa de pessoas, seres humanos, que não são vistos e reconhecidos como merecedores de terem direito a suas casas.

O argumento de dificultar o desenvolvimento urbano é tão falso que soa jocoso; a população deseja ter qualidade de vida. Mas qualidade de vida para todas e todos, sem engarrafamentos, com distribuição equitativa de água e saneamento e moradias, mas para toda a população.

Como atrair mais pessoas para o caos? Como pensar em crescimento e aumento da população se temos problemas críticos há anos para os já residentes e que este governo, desde 2013, não fez nenhum avanço efetivo. Os congestionamentos só pioram e a falta d’água idem.

O espraiamento urbano ocorreu sim, na década de 70 e 80. Já passou; o território não verde hoje é praticamente todo ocupado. Portanto utilizar essa retórica é no mínimo atacar a inteligência de muitos. Queremos sim ocupação dos imóveis vazios e subutilizados, do Centro em especial, mas primeiro para prover à população que nada tem. E lembrando que dar melhores condições de vida a esses 40% da população é também desonerar a coitada da classe mais rica e a média de encargos de passagens e outros custos e ter certeza de que aqueles que prestam serviços a vocês estão minimamente tendo uma vida menos ruim.

Não podemos mais, nos dias atuais, ainda mais depois de 2 anos de pandemia, continuar deixando nossas práticas distantes de nossos discursos. O planeta exige nossa solidariedade e compartilhar sim o uso do solo, mas com a população que mais precisa, além de só enriquecer com seus negócios.

Acreditamos que colocar em primeira votação o Projeto de Lei 416 2021 nesta quarta-feira dia 4/5, antes do término de todas as discussões em torno de um projeto que descumpriu trâmites básicos e democráticos é mais uma vez dizer que a Casa Legislativa, a Casa do Povo, tem pressa. Quem tem pressa é a população em ver seus direitos respeitados. Diga não.

Assine essa petição da sociedade civil pedindo a devolução do PL 416 2021 ao Executivo para que seja refeito e de fato cumpra com os trâmites democráticos.

https://chng.it/zkp2yLZP

Estamos mal quando os discursos do mercado imobiliário e da prefeitura são idênticos entre si enquanto são opostos aos anseios da população! Mas é a Ademi que pensa igual à Prefeitura ou a Prefeitura que pensa igual à Ademi?

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