Rogério Rocco: Água para exportação

Analista ambiental e mestre em Direito da Cidade
Rio - Grande parte de toda água consumida no Brasil é exportada para outros países, sendo que até pouco tempo atrás de forma gratuita. Sempre imaginamos este cenário com uma perspectiva futurista, pensando que utilizariam navios, longos dutos e que o fariam através de intervenções militares em solo brasileiro. Mas não é bem assim.
O Brasil tem virtudes naturais que lhe oferecem oportunidades na produção de bens como poucas outras nações. Temos um território com dimensões continentais, solo fértil, clima temperado e água em abundância. Essa equação permite ao país se firmar como um dos maiores produtores mundiais de carne, grãos, frutas, entre outros produtos que exigem farta utilização de água. E foram essas condições que levaram o país ao oitavo lugar no ranking das economias mundiais.

Hoje, no Dia Mundial das Águas, a Agência Nacional de Águas – ANA promete lançar o ATLAS Brasil, apresentando um diagnóstico do abastecimento de água em todo o país. Sem esses dados não temos como avaliar e planejar de forma racional o uso desse elemento preciosíssimo para a vida.

Os limitados dados sobre o assunto produzidos no Brasil informam que a irrigação é responsável pelo consumo de 70% de toda nossa água, enquanto a indústria responde por outros 20%. Os 10% restantes são consumidos pela população. Ou seja, quando o Brasil aquece sua economia e torna positiva sua balança comercial em razão do aumento das exportações, é sinal de que estamos enviando mais água agregada aos produtos que dela dependem. Como é o caso da carne, que representa o consumo equivalente de 3mil litros de água para cada quilo produzido. 

Enquanto não evoluirmos no conhecimento e na conscientização sobre os verdadeiros responsáveis pelo consumo de água no Brasil, vamos continuar tomando banho com culpa, achando que somos nós que estamos individualmente colocando em risco a água do país. E ainda pagando caro por isso.

Dia Mundial da Água 

http://rogeriorocco.blogspot.com/2011/03/dia-mundial-da-agua.html?spref=fb

Publiquei hoje um artigo no Jornal O Dia (acima) falando sobre a questão da Água!
http://odia.terra.com.br/portal/opiniao/html/2011/3/rogerio_rocco_agua_para_exportacao_152328.html
No artigo, que ocupa um espaço bastante limitado para expressar idéias com mais densidade, citei o exemplo do consumo de água relacionado à produção de carne. Usei como referência a quantia equivalente a 3 mil litros de água consumida para a produção de 1 kg de carne. Nos comentários do FB, meu amigo Ricardo Machado utilizou a referência de 16 mil litros de água para a produção do mesmo kg de carne. Em consulta à internet há uns meses atrás, encontrei uma variação muito grande de valores: de 2 mil a 120 mil litros para cada quilo...

Optei em usar 3 mil porque achei que representavam bem o cenário por nós desconhecido. Mas os 16 mil citados pelo Ricardo não fogem muito a uma média razoável, já que tem quem afirme que são 120 mil!

O importante é perceber como se gasta água em coisas que a gente não faz a menor idéia. Somem-se a isso, por exemplo, os dados do IBGE, em estudo sobre a produção da pecuária brasileira, de que a população de bois no Brasil é de 205 milhões de indivíduos... bem mais do que os 190 milhões de habitantes. Quanto isso significa de consumo de água só pelos bois e vacas?
Outro tema que citei, e que usei como fundamento do texto, foi a necessidade de produção e divulgação dos dados relacionados ao consumo de água no Brasil, já que até ontem pouco de profundo havia divulgado no site da ANA. Mas estava ali anunciado que hoje a Agência publicaria o ATLAS Brasil, com um diagnóstico sobre a questão da água e do saneamento básico. Confesso que entrei agora no site pensando que o estudo pudesse não estar lá. Ou que estaria como alguns outros documentos com link na home do site, que quando você abre encontra, na verdade, apresentações em power point.
Me enganei! O ATLAS está lá.


Não naveguei, nem conferi os detalhes. Mas dei uma folheada e me pareceu consistente, apresentando dados, mas também metodologia, equipe responsável, dentre outras informações.
Fica aqui minha sugestão de leitura.
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Saudações sustentáveis,
Rogério Rocco

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