Itaipu: MAR DE LIXO NÃO DÁ PEIXE


 UM CRIME AMBIENTAL COM LICENÇA DO INEA
PESCADOR ARTESANAL DE ITAIPU RECOLHE TONELADAS DE LIXO 
DESCARTADAS TODO DIA NO MAR
O bota-fora dos sedimentos dragados na Baía de Guanabara, licenciado pelo INEA, continua a ser descartado na área dos estoques pesqueiros buscados pelo pescador artesanal de Itaipu. Hoje, sexta-feira – 13, as redes chegaram mais cheias ainda, de lixo, muito lixo! Dezenas de sacos de lixo foram retirados cheios e ainda havia muita rede lotada, destruída.

Corvina? Xerelete? Espada? Olho de cão? Sardinha? NADA! Nas redes: calotas de carro, roupas, embalagens plásticas, sacos plásticos, latas... Tudo que não se come, que não se vende! E que nem se reutiliza ou se recicla mais. Reduzir, reutilizar, reciclar, os três “rrr” nem sequer são considerados pelo órgão que licencia o bota-fora do lixo no mar. Lixo, lixo jogado na praia vizinha, em Niterói. Resultado: biodiversidade e pesca artesanal em extinção.

“Por que não largam o lixo nas praias cariocas, Ipanema – Copacabana – Leblon?”, questiona o pescador Rômulo Alves da Silva e acrescenta: “Dependo do meu trabalho e não de político nenhum, desses que prometem muito e só querem mesmo é voto.” Houve unanimidade entre os pescadores, e muitos outros concordaram com o companheiro de pescaria, desesperançados, mostrando suas redes destruídas. Adilson e Edson Vilaça faziam a conta do prejuízo da rede, fora a perda do pescado e das horas perdidas no mar e na areia da praia, reparando e limpando os apetrechos de pesca. Assim, somavam os custos: “uma rede dessas leva uns 30 ‘panos’ e cada pano (malha) custa R$117,00; e mais 150 k de chumbo, a R$13,00 o quilo; e ainda tem que ver o preço da corda e da cortiça, o que não é pouco”, comentavam preocupados com a sobrevivência de suas famílias. Preocupação compartilhada por todos reunidos ali na praia, sem qualquer esperança nas políticas públicas.
Agora estão mais preocupados ainda com a última investida do secretário estadual do ambiente, Carlos Minc, que anunciou em entrevista ao Globo Niterói (1/7/2012): -“As ilhas do Pai, Mãe e Filha, serão anexadas ao Parque Estadual da Serra da Tiririca. Vamos realizar audiência pública sobre o tema, ouvir moradores e pescadores. Mas o processo está em fase adiantada. Queremos anexá-las e também preservar o turismo ecológico nas ilhas”. Além disso, o secretário disse que planeja implantar uma reserva extrativista marinha na região e que essas medidas serão uma esperança para a revitalização da atividade pesqueira. Na mesma matéria, Minc anunciou que o novo ponto de descarte para os sedimentos dragados na baía já estaria operando: a cerca de 15 km da orla da Região Oceânica de Niterói e afirma que o novo ponto não oferece riscos à atividade pesqueira. Fala sério, Carlos Minc!?
Essa declaração de Carlos Minc provocou reações dos pescadores, que querem convidar o secretário a ver de perto, muito de perto, o bota-fora de todo dia, que não parou e ainda acontece várias vezes ao dia. “O lixo jogado no mar daqui afeta todas as nossas praias, Itaipu, Itacoatiara, Camboinhas, Sossego, Piratininga, e é um absurdo”, destacou José Ronaldo Amorim da Silva, ao lado de Advaldo Soares do Nascimento, Anderson Machado, Jairo Augusto e Jorge Nunes de Souza, o ‘seu Chico’, que complementou: “o que é preciso fazer aqui é garantir a preservação dos estoques pesqueiros; além da infraestrutura para melhorar a rotina dos pescadores, com cobertura para suas atividades de reparo e também com frigorífico e fábrica de gelo, para a conservação do pescado. Um ‘acordo de pesca’ precisa ser criado para controlar e afastar os barcos de pesca industrial e os navios do setor petroleiro, e também as lanchas e iates, que lotam nossa enseada, sem qualquer tipo de fiscalização, prejudicando não só a pesca, mas o banhista inclusive”. Para Seu Chico, a ideia de anexar as ilhas ao Parque da Tiririca é polêmica, porque o pescador poderá ser proibido de pescar no entorno, como já acontece na enseada do Bananal.
O vereador Renatinho, do PSOL, esteve na manhã de hoje na Praia de Itaipu e acompanhou de perto a limpeza das redes dos pescadores, ouvindo suas reivindicações. Autor da lei municipal que reconhece a pesca artesanal de Itaipu como patrimônio cultural de Niterói, Renatinho cobrou: “Esse verdadeiro crime, autorizado pelos órgãos ambientais, é inaceitável. A comunidade tradicional de pescadores de Itaipu merece respeito. Niterói merece respeito! Que licença é essa, Carlos Minc? Fala, Carlos Minc!"
Vereador Renatinho acompanha Seu Chico mostrando a rede perdida, cheia de lixo!


  



  

















  



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